terça-feira, 13 de julho de 2010

Revolutionary Road

Para começar a falar do filme é interessante expor uma parte do filme que ilustra bem sua premissa, onde a personagem de Kate Winslet (April Wheeler) recebe de sua vizinha Mrs. Helen Givings (Kathy Bates) uma planta e a mesma atenta para a necessidade de cuidados diários visando seu desenvolvimento, é dinâmica básica do filme ilustrada nessa cena simbólica, a necessidade de nutrir os sonhos e aspirações da juventude e no caso do filme as bases do relacionamento desde suas sensações iniciais e seu complicado desenrolar no filme.

Em uma festa despretensiosa, entre trocas de olhares e uma extensa conversa posterior April (Kate Winslet) conversa com Frank (Leonardo de Caprio) e curiosamente a conversa se inicia com a curiosidade de April sobre suas pretensões, ela que sonha ser atriz e tem isso muito lúcido em suas metas vendo no jovem um reflexo do aflorar da juventude e suas ambições, o que desperta curiosidade e muito interesse, que precisa a posteriori se concretizar em formas de atitudes, o que por um lado vemos no filme com o personagem de Leonardo de Caprio assumindo responsabilidades, um bom emprego, excelente casa e atingindo o “American Dream”, porém se distancia de sua possível verdadeira vocação e sonhos.

O American Dream é muito contestando no filme, com suas regras e atitudes impostas, sua vizinhança da pacata e característica Revolutionary Road demonstra a necessidade e o modelo desse sonho, traduzido das famílias e principalmente na personagem de sua vizinha e corretora que é a personificação desse ideal, já a personagem de Kate Winslet é o antagonismo e dosagem severa da crítica sobre regras e preceitos, simbologias diversas e densas produzidas pelo diretor Sam Mendes, que promove quadros que vão desde o entediante dia a dia do funcionário da Knox uma empresa de maquinas que despontam a tecnologia da época, com os primeiros protótipos de computadores Frank (Leonardo de Caprio), as cenas corriqueiras do dia a dia da dona de casa April (Kate Winslet).

O filme mostra como não precisamos de flashbacks extensos para entender a origem da inconformação de em seus devaneios por um passado que começa a assombrá-la em forma de nostalgia e a constatação dos estopins que culminam em sua situação atual, Sam Mendes também apesar do clima pesado do filme, não explicita isso na película e nem na narrativa, apenas sentimos o clima, fazendo parte do cotidiano do casal, e não somos transportados diretamente para o mundo de criticas, ilusões e regras dos EUA dos anos 50, caso contrario seria informação e clima demais a degustar.

A crítica está não apenas na regulamentação de um sonho, mas na sua manutenção e crédito, o que o personagem de Michael Shannon (John Givings) um louco que visita a casa dos Wheelers faz brilhantemente, vale lembrar que mesmo aparecendo poucos minutos rouba a cena, com um humor negro que sua insanidade o permite faz da crítica mais presente e menos aparente, e aparece como um intermediário promovendo a divisão entre os modelos, o claro antes e depois, sua insanidade como um despertar, como louco ele adquire uma critica mais lúcida da sociedade e demonstra sua inatividade, como April e Frank atestam depois do seu encontro com ele, antes louco do que normais como seus vizinhos.

O filme é despretensioso e coroa a dupla de Titanic, se em Titanic duvidávamos dessa dupla e ate mesmo de seus talentos, esse filme demonstra seus brilhantismos, ironicamente em uma cena que remete a Titanic, lembramos que na época talvez a imaturidade de ambos ainda escondia seus talentos, o fato e que essa dupla é afiadíssima e ainda apareceram em filmes futuros. Sam Mendes é suave na direção, feroz nas críticas e altamente técnico. Demonstrando que talvez até surdos como a simbologia do fim do filme ou loucos como, Talvez vivêssemos melhor em uma sociedade altamente hipócrita e anestesiada por valores pré estabelecidos.

Revolutionary Road (Foi apenas um Sonho)

Ano: 2008

Diretor: Sam Mendes

Posted by Neylan Porto @ 14:02

1 Comments

Anonymous Débora said...

Assisti o filme e o achei formidável. Lembro que comentei com você sobre a infelicidade do casal...

Tem livro deste filme?

Beijo

10 de agosto de 2010 às 23:28  

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